Os pesquisadores do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM-UFRJ) aguardam a formalização oficial do convênio entre a instituição e a Prefeitura de Macaé, para o início da pesquisa de vigilância genômica do vírus SARS-Cov-2, com objetivo de monitorar as novas cepas em circulação na cidade.
Segundo Cintia Monteiro de Barros, professora associada e uma das coordenadoras da segunda fase do projeto de Vigilância Genômica, a formalização oficial do convênio com a Prefeitura está sendo aguardada para dar início efetivo ao projeto, pois é necessário comprar os reagentes, que são importados, e contratar novos bolsistas para começar efetivamente. “Por hora, temos somente os professores e alunos voluntários trabalhando em demanda ainda bem reduzida”, relatou ao RJ News.
Atualmente, de acordo com Cintia, o Nupem está atuando na validação dos testes de antígeno que a Prefeitura de Macaé comprou.
Em entrevista ao RJ News, Cintia Monteiro explicou que a vigilância genômica é o monitoramento epidemiológico das novas cepas de SARS-CoV-2. “Essas cepas estão circulando pelo município de Macaé. Nesta nova fase do projeto, faremos este monitoramento ao longo do ano de 2021 e monitoraremos a cepa P1, oriunda de Manaus, quanto outras cepas que venham a surgir”, explicou.
A professora destacou ainda que o Nupem tem a capacidade de fazer os testes moleculares RT-PCR e os sorológicos, para monitorar o desenvolvimento da imunidade (IgM e IgG), além de fazer o sequenciamento genômico do vírus. “Estes são os três tipos de testes que o Nupem tem a expertise para realizar. No convênio passado, fizemos, aproximadamente, 15 mil testes RT-PCR e alguns sequenciamentos, além de monitoramos algumas novas linhagens no ano passado”, ressaltou.
Os pesquisadores do Nupem investigaram também e validaram os testes de antígenos, que têm sido utilizados pela Prefeitura de Macaé na identificação de indivíduos positivos para Covid-19 no Centro de Triagem do Paciente com Coronavírus. Os testes detectam proteínas do vírus com resultados em 15 minutos e com alta sensibilidade e especificidade, possuindo baixo custo.
Segundo a professora Cintia Monteiro, estudos de grande relevância sobre as linhagens circulantes do vírus SARS-Cov-2 também têm sido desenvolvidos pelos pesquisadores do Nupem. Em outubro do ano passado, foram identificadas quatro linhagens em circulação do vírus em Macaé. Esse resultado foi divulgado à sociedade científica e macaense, quando foi chamada atenção para uma possível segunda onda de contaminações de Covid-19 na cidade, o que aconteceu, segundo a professora.
O primeiro convênio entre o Nupem e a Prefeitura de Macaé terminou em janeiro deste ano e era somente para realização dos testes moleculares. “Após várias reuniões entre membros pesquisadores do projeto e a prefeitura de Macaé, pensamos em uma nova proposta que atenderia a nova demanda da administração municipal, que adquiriu muitos testes de antígeno, que é uma tecnologia nova e que são testes muito eficazes, que conseguem detectar em minutos se a pessoa está infectada com o vírus da Covid-19 ou não. A prefeitura comprou muitos desses testes, quando feitos na janela correta de tempo, são muito eficazes e resultados saem em minutos. Diferentes do RT-PCR, em que são coletadas amostras, enviadas ao laboratório, até o resultado, há uma janela de 48 a 72 horas. Já o teste antígeno, o resultado sai em 15 minutos, se feito numa janela correta de até cinco dias dos primeiros sintomas. Como a prefeitura comprou muitos testes e nos oferecemos a validar os mesmos, achamos interessante, no segundo convênio, fazer a vigilância genômica, que seria o monitoramento das novas cepas”, avaliou.
Ainda de acordo com a professora Cintia Monteiro, as novas pesquisas do Nupem são para buscar indícios se a nova cepa está circulando no município. “Acreditamos sim, que esteja circulando em Macaé, assim como está no Brasil inteiro. Não há nenhuma mensagem oficial de que a cepa P1 esteja no município, mas acreditamos que sim. No entanto, falta fazer as análises, começar a receber mais amostras de Macaé e efetivamente comprovar, através do sequenciamento, que a cepa P1 está circulando na cidade. Além de monitorar a cepa P1, queremos monitorar outras cepas que venham a surgir ao longo desse ano. Cepas que possam vir a escapar da vacina, ou seja, mesmo a pessoa sendo imunizada, pode ser infectada pela cepa do vírus. Queremos saber qual variante consegue escapar da vacina, é o que chamamos de escape vacinal. É muito importante fazer todo esse monitoramento”, concluiu
› FONTE: RJ NEWS ONLINE (www.rjnewson.com.br)