Os aparelhos piratas costumam usar IMEIs clonados para enganar as redes das operadoras, e deixarão de funcionar no Brasil por falta de certificação
Dezenas de vendedores ambulantes que comercializam os mais variados tipos de mercadorias importados no espaço reservado para eles, atrás da rodoviária no Centro de Macaé – espaço conhecido como camelódromo, e outros espalhados por ruas em Rio das Ostras, em forma de lojas, devem começar a amargar prejuízos. A equipe de reportagem do RJNEWS saiu às ruas e conversou com alguns desses vendedores, que na maioria trabalha informalmente, apesar de ter o alvará de licença da prefeitura.
Um comerciante que preferiu não ser identificado para preservar sua identidade, assumiu durante a entrevista o pseudônimo de ‘o vendedor’. Ele contou que trabalha em uma banca no espaço na Rua Vereador Abreu Lima, próximo à rodoviária – no Centro, a mais de cinco anos. Preocupado, ele teme queda nas vendas. “O que tenho de mercadoria aqui posso perder tudo de uma hora para outra. Não consigo imaginar ter que passar por esse prejuízo”, contou.
E esse susto, os comerciantes que atuam como camelôs correm o risco de passar, tudo por conta de uma modalidade que entrará em vigor ainda esse ano. Na ação por imposição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as operadoras de telefonia brasileiras, farão despencar as vendas de aparelhos celulares importados, atualmente muito procurados nas bancas dos conhecidos camelôs.
A Anatel informou às operadoras que um sistema para identificar e bloquear o uso de celulares não homologados no país a partir deste ano, já está em funcionamento. Na prática, os celulares xing-lings ou de fabricantes que não operam no país deixarão de funcionar no Brasil por falta de certificação.
Seu Trajano Rodrigues, 63 anos trabalha como vigia em uma empresa em Rio das Ostras. Ele é a favor da proibição e da venda desses tipos de aparelhos, e conta que já amargou mais de R$ 200 em prejuízo. “Comprei um aparelho de dois chips para mim e outro para minha esposa. Os aparelhos estragaram e acabei ficando no prejuízo porque não tiveram conserto. Fui à loja e o funcionário me informou que o serviço ficaria mais caro que um celular novo”, disse.
Por conta desse tipo de problema que o consumidor acaba sendo lesado, a Anatel enviou às operadoras Oi, TIM, Vivo e Claro um ofício cobrando que celulares não homologados sejam bloqueados em até 12 meses. A agência reguladora é clara quando fala sobre uma solução tecnológica para coibir o uso de estações móveis não certificadas, com IMEI adulterado, clonado ou outras formas de fraude nas redes do SMP.
A sigla IMEI significa “International Mobile EquipmentIdentity”, e é o número de identificação presente em cada telefone celular. Dentro da identificação consta um código que representa o modelo do aparelho, chamado de TAC. Os celulares piratas costumam usar IMEIs clonados para enganar as redes das operadoras. Outro que trabalha com a venda de celular, apesar de ter alvará de licença para atuar no local, comenta que deverá perder em média mais R$ 2 mil por mês. “Se a venda despencar de onde vou tirar o sustendo de minha família e dos meus funcionários”, questionou.
De acordo com a Anatel, as operadoras deverão elaborar possíveis critérios transitórios a serem implementados à base atual de usuários, de modo a minimizar os impactos sobre a população, ou seja, se os xing-lings foram mesmo bloqueados em 2014, progressivamente vão surgir campanhas no Brasil para conscientizar a população sobre os riscos de utilizar um celular não homologado.
Estima-se que, hoje, dezenas de milhões de unidades de modelos piratas estejam sendo utilizados no país. O grande problema na decisão da Anatel é que a regra dos celulares piratas pode acabar afetando os dispositivos comprados no exterior. Modelos de fabricantes como HTC e Asus, por exemplo, dificilmente chegam a ser lançados no nosso país, o que leva alguns consumidores a importá-los ou adquirir por meio de revendedoras.
No entanto, se o modelo importado não for homologado pela Anatel, ele será considerado ilegal nesta nova medida das operadoras, já que seu IMEI não estará entre os modelos autorizados pela Agência. Resta saber se as operadoras vão fornecer algum recurso para quem possui aparelhos importados no país.
O vendedor finalizou a entrevista, avaliando que a venda já é difícil, e com a proibição o que fará com a mercadoria adquirida. “Isso aqui tudo me custou dinheiro. Não posso também enganar o consumidor. Se eles vêm aqui comprar com a gente é porque de certa forma confiam em nossa mercadoria. Fazemos o que podemos para agradar a cada um que vem aqui comprar o bem desejado”, justificou ele, que já tem banca no local há muitos anos.
› FONTE: Macaé News (www.macaenews.com.br)